segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Fuscas nas Corridas Brasileiras


Fonte: Fusca Clube Bento Gonçalves

O impacto do Fusca no mundo automotor brasileiro é indiscutível. Foi o carro mais produzido no País, e centenas de milhares de fuscas ainda rodam pelo Brasil inteiro, apesar da fabricação do modelo ter sido interrompida em 1986 (voltou a ser fabricado por algum tempo, por iniciativa de Itamar Franco, em 1993, em números incipientes). Muitíssimos brasileiros aprenderam a dirigir em fuscas, tiveram-no como seu primeiro carro, e não é de se surpreender que o fusca também tenha tido um grande impacto no automobilismo de competição. Foi escola em todos os níveis. Táxi-mirim, rádio patrulha, só faltou ser o carro presidencial...

A VW escolheu o Brasil como um dos seus principais mercados já no início dos anos 50. De fato, embora diga-se que Juscelino Kubitschek implementou a indústria automobilística brasileira, a VW já havia estabelecido instalações no Brasil em 1952, para montar veículos enviados da Alemanha na forma CKD (completely knocked down). Em 1954, os VW já tinham 40% de nacionalização.

Os primeiros VW tinham um motor bem fraco, de 1200 cc, sem veia competitiva. Cabe lembrar que nos anos 50, o preparo de motores VW ainda não estava desenvolvido em nenhum país. Curiosamente, o Sedã VW teve uma excelente atuação na primeira edição (1956) daquela que se tornaria a prova de maior prestígio no Brasil: as 1000 milhas. Mas era um fusca fajuto. Christian Heins e Eugenio Martins dirigiram um sedã VW equipado com motor Porsche de 1500 cc.


VW-Porsche de Bino Heins/Eugenio Martins: 2o. nas Mil Milhas de 1956

E o pequeno carrinho se misturou no meio das poderosas carreteras, chegando em heróico segundo lugar!

Depois dessa excelente performance, o VW hibernou nas competições brasileiras. Vira e mexe, algum piloto preparava um VW para corridas, mas entre os carros de menor cilindrada os prediletos eram o DKW-Vemag e o Gordini/Dauphine (1093). A VW foi a única entre as fábricas de carros que decidiu não participar do automobilismo de competição na fase inicial. Até a estatal FNM, sempre em situação pré-falimentar, teve uma atuação destacada no início da década, com os modernos (para a época) JK, dando algum apoio aos pilotos.

Durante a década de 60, desenvolveu-se o preparo de motores VW. Um fator que contribuiu para esse desenvolvimento foi a criação da Fórmula Ve nos Estados Unidos, em 1962. Assim que a VW brasileira decidiu apoiar a formação da F-Vê no Brasil, em 1966. A categoria durou só dois anos nessa fase inicial, mas colocou a VW em posição importante no esporte automotor, devido ao fechamento das três equipes de fábrica então existentes (Simca, Vemag e Willys). De fato, a partir de 67 os fuscas começaram a aparecer em profusão nas pistas brasileiras.

Os irmãos Fittipaldi prepararam um fusca de 1600 cc que ganhou uma importante corrida, as 12 Horas de Porto Alegre de 1968. No ano seguinte, foram um pouco além, e prepararam um Fusca bi-motor o Fitti-Fusca: A cadeira elétrica, que tinha 3 litros de capacidade total. Assustava nos treinos, mas nas corridas nunca terminava. E o Puma, (GT Malzoni) que fora criado para a plataforma DKW, começou a usar os componentes VW a partir de 67. Diversos Puma-VW competiram no Brasil, de 1968 a 1972, além do Lorna, um bonito GT com panca de Ford GT-40 que competiu até 1970.

Além dos fuscas de competição, alguns dos quais chegavam a ter 2 litros de capacidade, e que ameaçavam carros de maior cilindrada, diversos protótipos foram construídos com mecânica VW. Para começar o AC, construído por Anísio Campos, além do ‘Patinho-Feio”, o Heve, o Sabre, o Polar, Manta, etc.


Heve com motor VW 2 litros superpreparado: o papa-tudo da Divisão 4 com Mauricio Chulam
Fitti-Fusca: A cadeira elétrica
O próprio Protótipo Fitti-Porsche foi equipado, posteriormente, com motor VW. Quando foi criado o Campeonato Brasileiro de Turismo (Divisão 3), em 1971, o Fusca reinou supremo, até aparecerem os primeiros Chevette, Brasilia e Passat de competição a partir de 1974.

O único outro carro na classe do Fusca, até então, era o Ford Corcel que nunca foi um bom carro de corridas, apesar de o seu motor equipar o Fórmula Ford brasileiro. Fausto Dabbur ganhou a primeira corrida da D-3 na qual um Fusca bateu os potentes Opala, em 1973.

Em 75, o desenvolvimento dos Fusca de 1600cc era intenso, mas eventualmente o campeonato de Divisão 3 acabou, e foi criada uma nova categoria: a Hot Cars, em essência a Divisão 3 sem os carros grandes. Nesta categoria, os Fusca continuaram a batalhar intensamente com o Passat, também da VW, até que a categoria acabou a nível nacional. Entretanto, Fuscas continuam a correr no Brasil, de Norte a Sul, até hoje, am torneios de Hot Car e copas especiais para Fuscas.

Diversos pilotos brasileiros de grande categoria correram com os fuscas, em uma fase ou outra da sua carreira, entre os quais se destacam: Emerson Fittipaldi,
Edson Yoshikuma (Gledson) e Julio Caio (Hollywood) batalham em Interlagos, 1973
Fusca com cara de brabo: Guarana Menezes, 1974
Wilson Fittipaldi Jr., Chiquinho Lameirão, Alex Dias Ribeiro, Nelson Piquet, Ingo Hoffman, Leonel Friedrich, Christian Heins, Alfredo Guarana Menezes, Eugenio Martins, Paulo Gomes, Jan Balder, Vittorio Andreatta, Jose Carlos Pace, Mauricio Chulam, Rafaele Rosito, etc. etc.

Nenhum comentário: